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Envolvido com a máfia

Ainda que eu more em um dos países mais seguros do mundo, não posso deixar de abrir um episódio sobre o meu envolvimento – involuntário – com aqueles capangas. Eles avistaram uma...

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Envolvido com a máfia

Ainda que eu more em um dos países mais seguros do mundo, não posso deixar de abrir um episódio sobre o meu envolvimento – involuntário – com aqueles capangas. Eles avistaram uma...

Fim de semana inesquecível

Ocorreu que num dia de verão, quando o sol já raiva forte daquele sábado, bateu apenas um sentimento: prefiro não dizer. Estávamos atravessando aquele belo e grande rio chamado Hii, dentro do fretado...

Ocorreu que num dia de verão, quando o sol já raiva forte daquele sábado, bateu apenas um sentimento: prefiro não dizer.

Estávamos atravessando aquele belo e grande rio chamado Hii, dentro do fretado da empresa. Todos, com a roupa da mesma cor – um verde que apenas consigo classificar como “eis me aqui” -, desfrutavam do mesmo sentimento, bastava observar a alegria emanando no rosto de cada um. Apenas os novatos, talvez, que estavam eufóricos, felizes de verdade, para logo fazerem parte da fabricação dos famosos componentes eletrônicos japonês.

Óbvio que tinham acabado de acordar; alguns com os cabelos molhados e ajeitados e outros com boné; as mulheres também, com o uniforme da mesma cor mas de outro modelo, tinham os cabelos penteados e sedosos, e na medida do permitido, maquiadas. Também emanavam alegria a valer.

Ninguém dava bom dia, apenas eles, os novatos; pobres novatos. Por ser todos brasileiros, pelos menos havia contato visual e até um aceno com a cabeça, e de vez em quando um sorriso; porque os brasileiros são assim, humanos.

O dia seria a mesma coisa de ontem, e anteontem, e ante-anteontem, e ante-ante-anteontem: andar para lá e para cá, vestir o mujinfuku (roupa anti-poeira), passar pela câmara de ar, escutar as máquinas gritarem, apertar botões, fazer piadas com um ou outro, levar peças, trazer peças, et cetera e tal; daí o almoço; daí a mesma coisa de antes do almoço, e assim até às oito da noite.

Estava sendo um sábado como qualquer segunda-feira.

Na volta, enquanto o fretado atravessava a ponte do rio Hii, um trânsito incomum. Qual paulista não aprecia um trânsito básico, para não perder o costume? Os sujeitos que outrora tinham o cabelo molhado e emanavam alegria, dessa vez tinham o cabelo desgrenhado e estavam verdes, verdes de mais alegria, mas dessa vez com olheiras deveras profundas. Foi um dia e tanto.

Olhamos pela janela o trânsito, e para nossa surpresa – e de fato um franco desprazer mesmo -, no parque ao longo do rio havia ocorrido o natsu matsuri (festival de verão). As barracas estavam sendo desmontadas; as garotas, vestidas com yukata, sorriam com suas amigas e namorados, enquanto se dirigiam para seus carros para voltarem para casa; por isso o trânsito. A alegria aflorava naquele fim de festa, após terem comido todos os quitutes e bebido todas as bebidas.

As luzes coloridas ainda acesas no parque distinguiam-se da luz fluorescente pálida do nosso fretado; as roupas coloridas dos festeiros distinguiam-se do verde ranho das nossas.

Soltamos todos um sorriso amargo.

Mas não se preocupem, porque o domingo, o domingo será como qualquer outra segunda-feira.

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